Fulaninha

Cada dia que passa eu me assusto mais e mais com o tipo de ser humano que estamos formando.

Eu não estou aqui pra julgar as razões desse fenômeno – até porque não estou apta pra isso – nem pra me colocar em um pedestal de perfeição – estou bem longe disso. Esse post trata unica e exclusivamente de um desabafo.

Hoje eu estava tricotando no cursinho com uma amiga e ela me contava as coisas “engraçadas” que fulaninha, uma colega com quem eu não tenho mais tanto contato, andava aprontando. No meio da conversa ela acabou soltando que a tal fulaninha chegou de ônibus na aula e imediatamente foi ao banheiro “tomar um banho de álcool em gel”, porque ela estava com TOC e surtava se não se limpasse.

Não sei se tive mais vontade de gritar com a amiga ou com fulana.

Porque, engraçado, fulana-que-tinha-TOC, não prova sapatos na C&A e Riachuelo, porque tem fobia, mas entra na Schutz e na Arezzo e prova tudo sem o menor indício de desespero.

Fulana-que-tem-TOC posta foto sentada confortavelmente na cadeira de avião, mas não senta em ônibus porque as cadeiras são sujas.

Fulana-que-tem-TOC come em barraquinhas na rua, porque é anti-higiênico, mas naquele restaurante chique do outro lado da rua? Ah, claro, não tem problema algum.

Fulana-que-tem-TOC não aperta a mão do zelador do cursinho, porque tem bactérias, mas abraça sem problemas a filha do usineiro que estuda com ela.

Quer dizer que só pobre tem bactéria e micróbio? Rico anda bebendo álcool em gel agora?

Me poupe, né, gente!

Daí, se eu falo isso, eu que estou julgando a menina e sendo preconceituosa. Porque eu tenho que entender, porque eu tenho que aceitar… A garota está doente!

A doença dela está longe de ser Transtorno Obsessivo Compulsivo. Está muito mais pra hipocrisia, e frecurite aguda grau 8!

Ela precisa mesmo é de um bom choque de realidade e, mais que isso, ela precisa colocar os pés no chão!

Detalhe: Fulaninha quer ser médica. Mas não tem problema, ela vai “usar luva pra atender, né minha filha?!”.

 

Deixe um comentário