Mais respeito, por favor!

Hoje o post é metade súplica, metade desabafo!
Metade súplica, porque eu estou aqui implorando pra que esse título comece a fazer sentido na vida de todos nós.
A metade desabafo vem agora.
Eu sou uma jovem de 20 anos evangélica dentro de uma família tradicionalmente católica.
Isso não significa absolutamente nada pra mim. E nem deveria significar pra ninguém. Mas se esse post está sendo feito, é porque isso não é a realidade.
A realidade é que, apesar de eu nunca criticado religião nenhuma, nunca ter aberto minha boca pra dizer um “A” se quer sobre a fé que muitos dos meus familiares professam, a recíproca não é verdadeira.
Sou criticada o tempo todo e o meu “crime” é só um: não ser mais católica.
Tudo isso começou quando no auge dos meus 12 anos eu comecei a visitar uma igreja evangélica. Lembro que, mesmo tendo sido criada na Igreja Católica Apostólica Romana a minha vida inteira, já ser, inclusive, batizada e ter feito primeira eucaristia, nunca fui uma “católica praticante” – se é que tem mesmo como ser católica não praticante – e o assunto D’us sempre foi muito vago na minha vida.
Não que eu acredite que D’us esteja obrigatoriamente ligado a uma religião, mas na minha visão infantilizada e interiorana daquela época era assim.
Apesar de tudo isso e de ter crescido em um ambiente que, claramente, não admitia outras religiões, me orgulho em dizer que NUNCA tive qualquer tipo de preconceito com qualquer outro credo. Seja judeu, muçulmano, budista… Sempre fui muito aberta e até bastante curiosa.
E foi meio que nessa vibe que passei a frequentar a igreja que me acolhe até hoje.
No começo lembro bem de me sentir absurdamente bem naquele local, de sentir uma calma gigantesca me invadir e a felicidade brotar dos meus poros, mas de não querer contar pra ninguém o bem que aquelas palavras me faziam.
Não parecia ser uma coisa do ambiente em si, eram realmente as palavras.
De repente, passar 2, 3 horas sentada ouvindo falar de D’us não era mais tão chato e carregar uma bíblia comigo não era mais um “mico”.
Do nada eu era importante o suficiente pra pedir perdão pelos meus erros diretamente ao Senhor e não precisava mais decorar tantas e tantas palavras bonitas (e as rezas são realmente bonitas) que eu falava sem nem escutar e absorver o que estava dizendo.
Agora eu era melhor amiga do D’us que eu acreditava.
Só que essa coragem durava até a página dois e se resumia aos momentos em que eu estava na minha cidade com minha mãe (que não via problema nenhum em eu ter minha própria fé!).
Quando eu chegava no interior, a coisa mudava.
Segurei a vontade de me batizar por 3 anos. 3 longos anos de críticas e piadas por “visitar” uma igreja de crente.
Eu não era mais visitante, mas quem disse que eu conseguia dizer isso pra eles?
Quando finalmente tomei coragem e me batizei (inspirada no meu avô que tinha acabado de assumir pra família toda sua conversão a outra religião) tive que ouvir uma das frases que mais me marcaram até hoje:
” Se sua avó fosse viva, você teria matado ela de desgosto com essa palhaçada.”
Minha avó era minha maior ferida e minha maior saudade.
Quanta dor e quanta culpa eu não senti por essas palavras.
Mas a maturidade veio e trouxe consigo a certeza de que minha avó me entenderia e me amaria independentemente da minha religião.
Alguns meses depois eu comecei uma namoro com um menino da igreja e depois disso era só “por causa do namorado”.
Não era.

Hoje eu continuo na minha fé e continuo na minha teoria de respeito a fé alheia, mas a minha família continua sem me aceitar e eu tive a prova disso hoje.
Depois de algumas piadinhas, uma tia segurou meu cabelo e disse que se eu não dissesse “Maria, santa mãe de D’us tem piedade de mim” ela iria cortar ele.
Na hora fiquei sem reação e todos na mesa me encaravam.
Eu me senti constrangida e tive vontade de permanecer calada, mas tomei coragem e disse que ela poderia cortar o cabelo, então, porque eu não ia professar uma fé que não tinha.
Eu não acredito em santos.
Pra mim, santo só Jesus, mas nunca na minha vida disse que odiava Maria ou que ela era uma qualquer.
NUNCA!
E jamais diria.
Ela foi uma mulher sábia, fiel e temente ao Senhor. Uma serva e uma mulher virtuosa.
Mas depois de ter sido honrada com o fato de gerar o Salvador, ela seguiu sua vida normal de mulher casada.
Uma mulher de D’us? Sim!
Uma mulher honrada? Absolutamente!
Um exemplo de fidelidade a ser seguido? Com certeza!
Mas para mim (e quero muito destacar o quão pessoal é essa afirmação!) isso não a faz santa.
Ela continua sendo uma pecadora, uma mulher humana e falha, apesar de ter lutado brilhantemente pra guardar os mandamentos do Senhor.
Isso faz de mim um monstro?
Pois é, parece que por aqui faz…

Quando eu falei meu ponto de vista – de uma maneira ainda mais resumida que aqui, já que não me deram se quer a oportunidade de falar – basicamente pareceu que eu havia condenado Maria ao inferno.
Encarei faces e chocadas por alguns minutos e depois tive que ouvir provocações e piadas sem parar.
Me senti humilhada e desrespeitada na fé que, veja bem, é minha!
Se essa é a verdade? Não sei.
Mas é a minha fé e por mais que alguém não concorde ou aceite-a, tem a obrigação de respeitá-la.

Tive muita vontade de chorar, mas não chorei. Porque tenho certeza que em nenhum momento ofendi ou desrespeitei eles, como fui ofendida e desrespeitada.
Sei que essa história ainda vai dar muito “pano pra manga” e eu não pretendo me envolver mais. Darei a eles o meu silêncio.
Mas precisava colocar pra fora e precisava saber: me diz, eu estou mesmo tão errada assim em querer mais respeito, por favor?

 

L.

Atenção! Esse post não tem nenhuma intenção de fazer propaganda de qualquer religião! Também peço perdão pelo excesso de pessoalidade do post.

2 comentários em “Mais respeito, por favor!

  1. Laís, amiga querida. Você deve sentir que eu tenho uma admiração muito grande por você. Pois acredite, eu tenho. E uma das grandes razões disso é você não ficar “em cima do muro” em relação à sua fé. Já havia comentado com você o quanto achei lindo o acampamento que vocês participam e o quanto Deus é fundamental na vida da gente. Eu, aqui em São Paulo, participo do mesmo modo que você além de acudir moradores de rua e drogados. Embora seja católico, até trabalhamos em conjunto com as igrejas evangélicas para socorrer pessoas necessitadas (não só materialmente, a maior quantidade é espiritualmente).
    Vou dar uma dica para você. Aprendi isso em contato com nossos irmãos (de todas as religiões). A gente não deve perder tempo discutindo religião. É algo que requer um conhecimento muito grande e muito misterioso. O nosso Deus diz que devemos nos amar uns aos outros e que Ele nasceu (Jesus) para salvar a TODOS. Santos e pecadores e quem somos nós para julgarmos qualquer pessoa. Ele é que julgará. Nós, na nossa grande limitação devemos amá-lo e amarmo-nos uns aos outros. O resto é detalhe.
    Não dá para comparar a misericórdia divina com “picuinhas” de imagens e de santos. Nossa fé tem que ser superior a isso e nós é que temos que descobrir o porque de nossa vida. Tenha fé que Ele vai conduzindo tudo. Na Bíblia diz que muitas coisas nós não precisaremos pensar para responder aos outros. Ele colocará as palavras em nossa boca.
    Fique tranquila e não discuta religião. Deixe o pessoal pensar e falar o que quiser e pense na alegria que é você curtir a Palavra e vá evangelizando do seu modo. Tenha dó de quem fica disputando o que é melhor.

    Você é um amor de pessoa e tenho certeza que Deus ama você e a usa para levar a paz para todos.

    Um beijo carinhoso pra você

    Manoel

    1. Manoel, fiquei muito emocionada ao ler seu comentário!
      Sobre essas “disputas” religiosas eu sou absurdamente contra! Me magoou muito o que eu ouvi (sempre acaba magoando), mas não julgo católico nenhum por esse tipo de atitude.
      Lido super bem com a variedade de religiões que existem e tenho amigos muçulmanos, budistas, católicos, judeus…
      Enfim.
      Acredito que D’us quer que, acima de tudo, amemos uns aos outros e o resto ele que julga!
      Obrigada pelas palavras de carinho que sempre me fazem tão bem!
      Beijão!
      Laís

Deixe um comentário