Eu sou uma pessoa que ama gente velha.
Sei que muita gente não gosta do termo velho(a), e prefere usar idoso, melhor idade, terceira idade, etc e etc.Mas eu gosto de velho. E do termo velho.
Gosto de velho porque acho que não tem nada demais em envelhecer. Acho lindo. Aliás, eu quero envelhecer.
Quero envelhecer e ficar bem enrugadinha, bem chatinha, cheia de manias e cheia de histórias pra contar. Porque eu acho lindo, sinceramente.
E hoje eu resolvi vir falar justamente de rugas. Porque hoje eu vi um sorriso enrugado tão maravilhoso, que meu coração de lover se derreteu todinho e eu quase avancei na criatura.
Eu estava vagando no ônibus – imaginando o quanto ainda demoraria pra chegar em casa – quando senti o motorista parar mais uma vez. Já pensei logo “aff, desse jeito chego mais nunca na vida” e daí eu olhei pela janela, meio que sondando onde eu estava.
Acabei parando em um casal de velhinhos que esperava para subir (eu sempre me pego observando velhinhos).
Imagina o tamanho da minha surpresa quando, de repente, o homem se revelou um verdadeiro Lord.
Mesmo na muvuca que estava pra subir no ônibus, mesmo com o calor, e mesmo com a clara pressa do motorista, ele parou, sorriu pra velhinha (um sorriso bem simples, bem doce, bem pacífico) e apontou com a mão para que ela subisse na sua frente, enquanto abaixava a cabeça coberta por um chapéu do Panamá e muitos cabelos brancos.
Quantas vezes na vida eu presenciei uma cena dessa? Poucas.
E a fofura continuou.
Eles subiram e perceberam que não havia lugar pra sentar naquela parte reservada aos idosos. Então, como um cavalheiro, ele a deixou se acomodar no melhor lugar.
No começo achei que eram marido e mulher, sabe? Mas depois ela desceu bem antes dele e nem o cumprimentou, então percebi que não.
Ele ficou lá, em pé, encostadinho perto da porta. E todo mundo que entrava, ele cumprimentava com um sorrisinho de canto de boca bem discreto. Mas era um sorrisão ali perto dos olhos.
E ele tinha tantas ruguinhas embaixo daqueles óculos. E elas eram tão lindas. Aquelas ruguinhas devem ter tanta história pra contar, tantas lições a ensinar.
Fiquei de longe só observando e admirando aquele velho (des)conhecido. E pensando no meu velho conhecido.
Chegou a hora dele descer. Foi lentamente, mas o motorista parece ter se encantado por aquela doçura também, então nem se apressou.
E mais uma vez meu velho (des)conhecido me surpreendeu com um levantar de mão, um sorrisinho no canto da boca e um sorrisão nos olhos enrugados para agradecer ao motorista a viagem.
Fechei os olhos e agradeci a D’us por ter dado e recebido tanto amor ao/do meu velhinho. Aproveitei e pedi que aquele velho (des)conhecido tivesse quem lhe desse também.
Agora me diz: Tem como não amar?
Nao tem nao. Muita doçura dele e sensibilidade sua para apreciar esse momento. Beijo beijo
Beijo em você e nos filhotes também!
Eu sempre me imaginei envelhecendo com alguém e sempre que via um casal bem romântico desejei isso pra mim. Realmente a velhice pode ser vista com esses olhos românticos, pq näo??
É um privilégio envelhecer. Envelhecer ao lado do amor da sua vida deve ser uma verdadeira honra, né, Deby?
Certeza que será o seu caso!
Beijos em você e nessas fofurinhas